""O HONDA HR-V ESTÁ MUITO ALÉM DOS CONCORRENTES"
Em entrevista exclusiva, Naohisa Morishita, líder de desenvolvimento do SUV, destaca os principais atributos do carro e justifica a opção pelo motor 1.8 e pela tração dianteira
por GUILHERME BLANCO MUNIZ
Criar um SUV compacto diferente de todos os outros modelos do segmento, que seja competitivo tanto no mercado norte-americano quanto no chinês e no brasileiro. Conseguir conquistar mercados tão diversos sem abrir mão da qualidade foi a missão de Naohisa Morishita, líder do projeto global de desenvolvimento do Honda HR-V. Ele esteve no Brasil às vésperas do lançamento nacional, marcado para o dia 15 de março, e garantiu estar pronto para a briga: "Não considero o Ford EcoSport e o Renault Duster como concorrentes. Apesar de compacto, o HR-V é luxuoso e de qualidade superior". Confira.
Quais são os três pontos diferenciais do HR-V em comparação a modelos como Ford EcoSport e Jeep Renegade?
Eu listaria o design exterior e interior, a dirigibilidade e os aspectos de consumo e segurança. Com relação ao design, a parte superior do carro lembra um cupê, enquanto a parte inferior é de um SUV robusto. No interior, criamos uma cabine bastante individual para o motorista com o chamado High Deck Console. Além disso, as texturas e o acabamento deram um resultado bem atraente para o interior. Quanto à dirigibilidade, outras SUVs têm pouca estabilidade em curvas, mas o HR-V entrega a estabilidade e a dirigibilidade de um sedã ou um cupê. Em relação à segurança e consumo, o HR-V é seguro tanto para os passageiros como para os pedestres, de modo que conquistaremos cinco estrelas no Latin NCAP [segundo análises internas da Honda; a entidade ainda fará os testes oficiais com o carro nacional]. A redução dos impactos é um ponto importante na produção global do HR-V, e o que está sendo produzido no Brasil vai seguir esse padrão. Também temos muito cuidado com o consumo. O HR-V conquistou nota A no Conpet [o Programa Brasileiro de Etiquetagem veicular faz parte do Conpet, do Inmetro. Seu objetivo é premiar carros que consomem menos combustível]. Não só nos preocupamos em trazer um carro novo, mas em sempre melhorar essas questões básicas no desenvolvimento de um carro. Portanto, o HR-V está muito além dos concorrentes. Na verdade, não considero o Ford EcoSport e o Renault Duster como concorrentes. Se levarmos em conta um concorrente internacional, podemos dizer que ele é comparável ao Nissan Qashqai. Como padrão de funcionalidade, temos como referência o Audi Q3. Ou seja, apesar de ser compacto, ele é um carro luxuoso e de qualidade bastante superior.
Em outros mercados, o HR-V é vendido com motor 1.5 e opção de tração integral. Por que o HR-V nacional será vendido com o motor 1.8 do Civic, somente com tração dianteira?
O motor 1.8 foi o que melhor se adaptou ao HR-V, por isso optamos por ele no Brasil, além de Estados Unidos e China, por exemplo. Podemos dizer que coincidentemente é o motor do Civic, porque tem o melhor consumo e dirigibilidade. A opção pela tração dianteira foi feita levando em consideração o desempenho do câmbio CVT, quem tem um novo controle eletrônico. Nós apostamos, também, nos itens de série. O VSA [Sistema de Estabilidade Assistida do Veículo] e o freio de estacionamento elétrico são dispositivos que só existiam em carros superiores, como modelos da BMW. Ao adotá-los como itens de série, queríamos classificá-lo como um carro superior à categoria que pertence.
O sucesso global de vendas do CR-V foi inspiração ou motivação para o desenvolvimento do HR-V?
De alguma forma, nós tínhamos em mente o sucesso global do CR-V, porém ele não foi uma inspiração. Podemos dizer que foi uma motivação. O desenvolvimento do HR-V foi uma tentativa de criar um produto novo. Nós queríamos produzir um SUV compacto, não um CR-V menor ou um Fit maior. Nós buscávamos criar outro modelo global que pudesse ter padrão e sucesso mundiais. Nós fizemos pesquisas por todo o mundo, inclusive no Brasil, para entender o que o público buscava em um SUV compacto e que novos valores nós poderíamos embutir neste novo modelo. O resultado foi que conseguimos chegar ao tamanho do HR-V, aliado ao melhor de um SUV, tanto no tamanho quanto na visibilidade. Então, este é um novo conceito de crossover.
Qual é o perfil dos principais consumidores deste carro, considerando que ele mistura características de SUV, cupê, sedã e minivan?
Nós desenvolvemos o HR-V não para um público-alvo específico, mas para que ele possa ser apreciado por pessoas de todas as faixas etárias. A integração de características de cupês, SUVs, minivans e sedãs é algo que não há nos rivais. Podemos dizer que começam a comprar este carro pessoas entre 30 e 40 anos, mas também temos proprietários acima dos 50 anos porque ele embute valores que agradam várias faixas etárias. O mais importante é que independente da faixa etária ou gênero esse carro é lindo para todos.
Você considera que há espaço na gama da Honda para um SUV inferior ao HR-V visando mercados emergentes? Um derivado do Fit, por exemplo.
No momento, não pensamos em algo nessa direção. A Honda produz carros no mundo todo e nós fazemos uma produção adaptada ao mercado e às necessidades locais. No caso do HR-V, ele terá um padrão igual para todo mundo."
Referência: http://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2015/03/o-honda-hr-v-esta-muito-alem-dos-concorrentes.html